terça-feira, 2 de dezembro de 2008

ESCOLINHAS DE ARTE

Uma aula de obsevação...

Por Camila Göttems


A observação de uma aula de artes foi feita no CDE, em uma turma de alunos entre 12 e 17 anos.

A sala é um ateliê, onde possui espaço e todo o material disponível para os alunos. Os materiais são bem variados, proporcionando ao aluno trabalhar com qualquer técnica.

Os materiais estão sempre bem organizados, a professora, antes de começar a aula organiza os papéis, aponta os lápis, deixando à disposição dos alunos.

Conversamos com a professora sobre o fornecimento dos materiais, ela nos explicou que os materiais são comprados com o dinheiro de uma taxa que o aluno paga se puder. Não é obrigado a pagar.

A aula começou às 14 horas e se estendeu até às 16horas.

Quando os alunos chegaram, pegaram os materiais e começaram a trabalhar.

Alguns estavam desenhando, e outros trabalhando com cerâmica, 2 dos alunos fizeram um pouco de cada, trabalharam um pouco com desenho e depois começaram a trabalhar com argila.

O ambiente possui um clima de liberdade, os alunos fazem o que querem em termos de técnica ou temática, cada criança pode viver o seu ritmo.

Não há um sistema de avaliação para os trabalhos, o professor não segue um projeto de aula, e sim, orientam individualmente cada aluno.


***


Por Ana Paula Meura



Ao realizar a visita no CDE, consegui ter uma outra visão e uma outra opinião sobre o que é ensinar arte e o que é ser um educar que trabalha com os sentimentos e os sentidos de crianças, jovens e adultos. Afinal, quem escolhe seguir por esse caminho carrega consigo grandes responsabilidades, pois está lidando com a formação de pessoas – mesmo que seja por uma pequena parcela – e querendo ou não fará parte da vida dela por um pequeno ou longo tempo.

Apesar de a metodologia ser diferenciada nesse espaço, acredito que ela também tem grandes efeitos em seus projetos e em seus acompanhamentos com diversas faixas etárias. Eles trabalham sem um projeto anterior, inicialmente os trabalhos são “livres”, pois deixam com que cada um encontre suas afinidades, em que tipo de material melhor se adapta e/ou que critérios usa para desenvolver seu trabalho. Penso que é uma maneira bastante válida já que estão todos ali por quererem estar, não como na escola, em que são “obrigados” fazer seu o que lhes é pedido, muitas vezes sem sentido nenhum. Notei que no CDE, tanto alunos como professores estão ali com um objetivo em comum: achar-se dentro de si pela expressão, pela arte; seja ensinando e/ou aprendo.

O CDE conta com o apoio dos alunos que podem dar sua contribuição em mensalidades, e a partir disso é que são comprados os materiais, que são diversos e permitem uma produção variada – trabalham tanto com o bidimensional quanto com tridimensional, além de muitas outras técnicas com giz pastel, lápis de cor, canetinhas, tintas e madeiras. O trabalho iniciado tem que ser terminado, nada é desperdiçado; esse é um dos principais objetivos.

Além dos trabalhos realizados mais manualmente, oferecem aulas de teatro e computação, e promovem exposições com os trabalhos dos alunos, como uma forma de incentivo e de reconhecimento do que está sendo realizado. A questão da informática, apesar de serem poucos computadores e exigirem um esforço do educando para coordenar as atividades, é fundamental, pois deixa com que muitos tenham o seu primeiro contato com um mundo diferente, mas que já faz parte de suas vidas e que eles precisam ter um conhecimento.

Notei que além de simples professores, as pessoas que trabalham lá se fazem presentes nas vidas dos alunos, ajudando-os, criticando-os quando preciso e, principalmente, tendo paciência e aceitando cada um com seu jeito, gênio e personalidade (o que não é fácil), além de que o respeito é mutuo tanto do professor pra o aluno, quanto do aluno para o professor. Esse respeito também é mostrado pelo ambiente de trabalho: sempre organizado, antes de os alunos chegarem e após a sua saída; além de ser um ambiente bem iluminado e arejado, fazendo com que cada um se sinta bem onde está. Com isso, vem a conseqüência, ou melhor, a recompensa de ver bons trabalhos sendo feitos, de ver pessoas se desenvolvendo pessoal e criticamente, e principalmente tendo uma experiência que, com certeza lhes será marcante para o resto de suas vidas.

Fazendo uma pequena comparação entre as metodologias utilizadas, no CDE e nas escolas, tenho a opinião de que as duas não estão em conflito, e sim que podem caminhar juntas, buscando cada uma o seu objetivo. Afinal, em uma escola, se um plano não for previamente proposto a aula não será produtiva, pelo simples fato de que as aulas de artes serem tão valorizadas, enquanto no CDE, cada um está ali por livre e espontânea vontade, ninguém os força a fazer nada, ou seja, mesmo sem um planejamento de uma aula própria há a produção e a pesquisa.

***

Por Taís Dias

A experiência que obtive da observação da aula da Escolinha de Arte da UFRGS (instituição que promove o desenvolvimento da expressão artística e capacidade de criação de indivíduos de várias faixas etárias) foi-me válida, principalmente para que pudesse ter um primeiro contato com uma escola informal destinada especificamente ao ensino de atividades artísticas. Esse tipo de experiência também é fundamental para que se desenvolva uma percepção crítica acerca do trabalho do educador e sobre as características gráficas dos desenhos dos alunos. A visita também acarretou questionamentos, sobretudo, sobre a validade de determinadas abordagens e a coerência da postura do professor em certas circunstâncias, dentre outras coisas.
A Escolinha - que foi fundada por professores e artistas ligados ao Instituto de Artes da UFRGS – disponibiliza salas e materiais adequados para a execução das atividades, que abrange as mais diversas técnicas das artes visuais e, inclusive, de outros segmentos, como o musical, por exemplo. Para ingressar na Escolinha o aluno deve pagar uma taxa mensal tendo duas horas de aula semanalmente. Além das aulas, a Escolinha promove anualmente exposições que visam estimular e valorizar a criação artística.
Em relação à aula observada propriamente dita, pude perceber diversos padrões de desenvolvimento gráfico. Alguns dos alunos, que no caso em questão têm entre 7 e 8 anos, demonstram certa organização espacial dos elementos constituintes do trabalho. A colocação dos elementos em alguns destes trabalhos não é aleatória e nem segue a tendência de preencher todo o espaço da superfície. Entretanto, quando modelam as figuras ou as colorem recorrem a traços despretensiosos, pintando em várias direções e gerando, dessa forma, um colorido não uniforme. Aliás, quando se utilizam das cores a maioria deles tende a querer usar o maior número de cores possível.
A linha de base também é trabalhada de diversas maneiras. Alguns colocam as figuras ou objetos diretamente sobre ela e outros muitas vezes não a utilizam. Outros, ainda a colocam com dupla função: uma linha de base que ao mesmo tempo é cobra, por exemplo. Os temas recorrentes nos trabalhos dos alunos são relativos a heróis, jogos, desenhos animados e coisas do gênero.
Outra coisa que pude constatar é que muitos dos alunos demonstram bastante consciência ao falar de seu próprio trabalho, que muitas vezes tem uma significação bem elaborada. Além disso, misturam elementos da observação com outros imaginados.
Já o professor, demonstra ser participativo no que se refere ao processo de criação de cada aluno, onde ele procura questionar e instigar o aluno à criação, orientando inclusive sobre questões compositivas do trabalho


Nenhum comentário: