terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O DESENVOLVIMENTO GRÁFICO

"ANTES EU DESENHAVA COMO RAFAEL, MAS PRECISEI DE TODA UMA EXISTÊNCIA PARA APRENDER A DESENHAR COMO AS CRIANÇAS." (Picasso)







Segundo Piaget o desenho possui quatro fases distintas:

1 - Garatuja: Faz parte da fase sensório motora ( 0 a 2 anos) e parte da fase pré-operacional (2 a 7 anos). A criança demonstra extremo prazer nesta fase. A figura humana é inexistente ou pode aparecer d

a maneira imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente. Pode ser dividida em:

• Desordenada: movimentos amplos e desordenados. Com relação a expressão, vemos a imitação "eu imito, porém não represent

o". Ainda é um exercício.

• Ordenada: movimentos longitudinais e circulares; coordenação viso-motora. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, pois aqui existe a exploração do traçado; interesse pelas formas (Diagram

a).

Aqui a expressão é o jogo simbólico: "eu represento sozinho". O símbolo já existe. Identificada: mudança de movimentos; form

as irreconhecíveis com significado; atribui nomes, conta histórias. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, aparecem sóis, radiais e mandalas. A expressão também é o jogo simbólico.

2 - Pré- Esquematismo: Dentro da fase pré-operatór

ia, aparece a descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos são dispersos inicialmente, não relaciona entre si. Então aparecem as primeiras relações espa

ciais, surgindo devido à vínculos emocionais. A figura humana, torna-se uma procura de um conceito que depende do seu conhecimento ativo, inicia a mudança de símbolos. Quanto a utilização das cores, pode usar, mas não há relação ainda com a realidade, dependerá do interesse emocional. Dentro da expressão, o jogo simbólico aparece como: "nós representam

os juntos".

3 - Esquematismo: Faz parte da fase das operações concretas (7 a 10 anos).Esquemas representativos, afirmação de si mediante repetição flexível do esquema; experiências novas são expressas pelo desvio do esquema. Quanto ao espaço, é o primeiro conceito definido

de espaço: linha de base. Já tem um conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema como: exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aqui existe a descoberta das relações quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por experiência emocional. Aparece na expressão o jo

go simbólico coletivo ou jogo dramático e a regra.

4 - Realismo: Também faz parte da fase das operações concretas, mas já no final desta fase. Existe uma consciência maior do s

exo e autocrítica pronunciada. No espaço é descoberto o plano e a superposição. Abandona a linha de base. Na figura humana aparece o abandono das linhas. As formas geométricas aparecem. Maior rigidez e formalismo. Acentuação das roupas diferenciando os sexos. Aqui acontece o abandono do esquema de cor, a acentuação será de enfoque emocional. Tanto no Esquematismo como no Realismo, o jogo simbólico é coletivo, jogo dramáti

co e regras existiram.

5 - Pseudo Naturalismo: Estamos na fase das operações abstratas (10 anos em diante)É o fim da arte como atividade expontânea. Inicia a investigação de sua própria personalidade. Aparece aqui dois tipos de tendência: visual (realismo, objetividade); háptico ( expressão subjetivida de) No espaço já apresenta a profundidade ou a preocupação com experiências emocionais (espaço subjetivo). Na figura humana as características sexuais são exageradas, presença das articulações e proporções. A consciência visual (realismo) ou acentuação da expressão, também fazem parte deste período. Uma maior conscientização no uso da cor, podendo ser objetiva ou subjetiva. A expressão aparece como: "eu represento e você vê" Aqui estão presentes o exercício, símbolo e a regra.





"[...] julgo que, no que diz respeito ao desenho, o que terá de melhor a fazer o educador é apagar-se, deixar a criança desenhar o que quer, propondo-lhe temas sempre que ela necessita, sobretudo quando lhe pede, mas sem lhos impor e, sobretudo deixá-la desenhar como quer, a seu modo. [...]"(Luquet:1969:230)



Baseado em:

--> LUQUET, Georges H. O desenho infantil. Porto: Editora Civilização, 1969.
-->
PIAGET, J. A formação dos símbolos na Infância. PUF, 1948.






ESCOLINHAS DE ARTE

Uma aula de obsevação...

Por Camila Göttems


A observação de uma aula de artes foi feita no CDE, em uma turma de alunos entre 12 e 17 anos.

A sala é um ateliê, onde possui espaço e todo o material disponível para os alunos. Os materiais são bem variados, proporcionando ao aluno trabalhar com qualquer técnica.

Os materiais estão sempre bem organizados, a professora, antes de começar a aula organiza os papéis, aponta os lápis, deixando à disposição dos alunos.

Conversamos com a professora sobre o fornecimento dos materiais, ela nos explicou que os materiais são comprados com o dinheiro de uma taxa que o aluno paga se puder. Não é obrigado a pagar.

A aula começou às 14 horas e se estendeu até às 16horas.

Quando os alunos chegaram, pegaram os materiais e começaram a trabalhar.

Alguns estavam desenhando, e outros trabalhando com cerâmica, 2 dos alunos fizeram um pouco de cada, trabalharam um pouco com desenho e depois começaram a trabalhar com argila.

O ambiente possui um clima de liberdade, os alunos fazem o que querem em termos de técnica ou temática, cada criança pode viver o seu ritmo.

Não há um sistema de avaliação para os trabalhos, o professor não segue um projeto de aula, e sim, orientam individualmente cada aluno.


***


Por Ana Paula Meura



Ao realizar a visita no CDE, consegui ter uma outra visão e uma outra opinião sobre o que é ensinar arte e o que é ser um educar que trabalha com os sentimentos e os sentidos de crianças, jovens e adultos. Afinal, quem escolhe seguir por esse caminho carrega consigo grandes responsabilidades, pois está lidando com a formação de pessoas – mesmo que seja por uma pequena parcela – e querendo ou não fará parte da vida dela por um pequeno ou longo tempo.

Apesar de a metodologia ser diferenciada nesse espaço, acredito que ela também tem grandes efeitos em seus projetos e em seus acompanhamentos com diversas faixas etárias. Eles trabalham sem um projeto anterior, inicialmente os trabalhos são “livres”, pois deixam com que cada um encontre suas afinidades, em que tipo de material melhor se adapta e/ou que critérios usa para desenvolver seu trabalho. Penso que é uma maneira bastante válida já que estão todos ali por quererem estar, não como na escola, em que são “obrigados” fazer seu o que lhes é pedido, muitas vezes sem sentido nenhum. Notei que no CDE, tanto alunos como professores estão ali com um objetivo em comum: achar-se dentro de si pela expressão, pela arte; seja ensinando e/ou aprendo.

O CDE conta com o apoio dos alunos que podem dar sua contribuição em mensalidades, e a partir disso é que são comprados os materiais, que são diversos e permitem uma produção variada – trabalham tanto com o bidimensional quanto com tridimensional, além de muitas outras técnicas com giz pastel, lápis de cor, canetinhas, tintas e madeiras. O trabalho iniciado tem que ser terminado, nada é desperdiçado; esse é um dos principais objetivos.

Além dos trabalhos realizados mais manualmente, oferecem aulas de teatro e computação, e promovem exposições com os trabalhos dos alunos, como uma forma de incentivo e de reconhecimento do que está sendo realizado. A questão da informática, apesar de serem poucos computadores e exigirem um esforço do educando para coordenar as atividades, é fundamental, pois deixa com que muitos tenham o seu primeiro contato com um mundo diferente, mas que já faz parte de suas vidas e que eles precisam ter um conhecimento.

Notei que além de simples professores, as pessoas que trabalham lá se fazem presentes nas vidas dos alunos, ajudando-os, criticando-os quando preciso e, principalmente, tendo paciência e aceitando cada um com seu jeito, gênio e personalidade (o que não é fácil), além de que o respeito é mutuo tanto do professor pra o aluno, quanto do aluno para o professor. Esse respeito também é mostrado pelo ambiente de trabalho: sempre organizado, antes de os alunos chegarem e após a sua saída; além de ser um ambiente bem iluminado e arejado, fazendo com que cada um se sinta bem onde está. Com isso, vem a conseqüência, ou melhor, a recompensa de ver bons trabalhos sendo feitos, de ver pessoas se desenvolvendo pessoal e criticamente, e principalmente tendo uma experiência que, com certeza lhes será marcante para o resto de suas vidas.

Fazendo uma pequena comparação entre as metodologias utilizadas, no CDE e nas escolas, tenho a opinião de que as duas não estão em conflito, e sim que podem caminhar juntas, buscando cada uma o seu objetivo. Afinal, em uma escola, se um plano não for previamente proposto a aula não será produtiva, pelo simples fato de que as aulas de artes serem tão valorizadas, enquanto no CDE, cada um está ali por livre e espontânea vontade, ninguém os força a fazer nada, ou seja, mesmo sem um planejamento de uma aula própria há a produção e a pesquisa.

***

Por Taís Dias

A experiência que obtive da observação da aula da Escolinha de Arte da UFRGS (instituição que promove o desenvolvimento da expressão artística e capacidade de criação de indivíduos de várias faixas etárias) foi-me válida, principalmente para que pudesse ter um primeiro contato com uma escola informal destinada especificamente ao ensino de atividades artísticas. Esse tipo de experiência também é fundamental para que se desenvolva uma percepção crítica acerca do trabalho do educador e sobre as características gráficas dos desenhos dos alunos. A visita também acarretou questionamentos, sobretudo, sobre a validade de determinadas abordagens e a coerência da postura do professor em certas circunstâncias, dentre outras coisas.
A Escolinha - que foi fundada por professores e artistas ligados ao Instituto de Artes da UFRGS – disponibiliza salas e materiais adequados para a execução das atividades, que abrange as mais diversas técnicas das artes visuais e, inclusive, de outros segmentos, como o musical, por exemplo. Para ingressar na Escolinha o aluno deve pagar uma taxa mensal tendo duas horas de aula semanalmente. Além das aulas, a Escolinha promove anualmente exposições que visam estimular e valorizar a criação artística.
Em relação à aula observada propriamente dita, pude perceber diversos padrões de desenvolvimento gráfico. Alguns dos alunos, que no caso em questão têm entre 7 e 8 anos, demonstram certa organização espacial dos elementos constituintes do trabalho. A colocação dos elementos em alguns destes trabalhos não é aleatória e nem segue a tendência de preencher todo o espaço da superfície. Entretanto, quando modelam as figuras ou as colorem recorrem a traços despretensiosos, pintando em várias direções e gerando, dessa forma, um colorido não uniforme. Aliás, quando se utilizam das cores a maioria deles tende a querer usar o maior número de cores possível.
A linha de base também é trabalhada de diversas maneiras. Alguns colocam as figuras ou objetos diretamente sobre ela e outros muitas vezes não a utilizam. Outros, ainda a colocam com dupla função: uma linha de base que ao mesmo tempo é cobra, por exemplo. Os temas recorrentes nos trabalhos dos alunos são relativos a heróis, jogos, desenhos animados e coisas do gênero.
Outra coisa que pude constatar é que muitos dos alunos demonstram bastante consciência ao falar de seu próprio trabalho, que muitas vezes tem uma significação bem elaborada. Além disso, misturam elementos da observação com outros imaginados.
Já o professor, demonstra ser participativo no que se refere ao processo de criação de cada aluno, onde ele procura questionar e instigar o aluno à criação, orientando inclusive sobre questões compositivas do trabalho


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Educação e Arte na WEB...

Sites importantes relacionados a educação e a arte:

--> leis e regulamentações;
--> a educação no Brasil;
--> propostas interdisciplinares;
--> o professor de hoje;
--> e muito mais...

Link para o Site do MEC - Ministério da Educação:

http://portal.mec.gov.br

Arte e Matemática:

http://www.profcardy.com/arte_matematica.php


Sites educacionais:



http://www.artenaescola.org.br


O site é um ótimo ambiente virtual, permite que muitas ações sejam divulgadas fazendo com que essa teia aumente. Nele, encontranmos sujestões que em relação aos professores os ajuda a fazer de suas aulas algo que prenda a atenção de seus alunos e os faça ter um pensamento cada vez mais crítico. Além disso, suas áreas de atuação são mostradas e dessa forma podemos ter contato com outros lugares do Brasil.

http://www.edukbr.com.br

Um site muito interessante que tem espaço para todas as pessoas de todas as idades. Nele encontramos atividades sobre diversos assuntos além de entrar em contato com a literatura - várias obras e seus autores. Nos apresenta projetos em diferentes lugares do Brasil, permitindo também que outras escolas possam participar incentivando a aprendizagem cada vez mais cedo. Enfim, é um ótimo veícula para conhecer e aprender mais sobre o nosso país e os outros lugares do mundo.

Projeto Aprendi:

http://www.ufrgs.br/aprendi


"Tecnologia para múltiplas propostas de aprendizagem tendo a arte como fio condutor,

uma acção cultural educativa de mediação em ambiente digital."


Material Pedagógico Fundação Bienal do Mercosul:

"Eu gostaria de dizer um sim incondicional"

http://www.fundacaobienal.com.br/




Método Comparativo de Análise de Obras de Arte ( Segundo Barbosa, Ana Mae Tavares Bastos. A imagem do ensino da arte : anos oitenta e novos tempos)


quinta-feira, 2 de outubro de 2008

NOSSOS PROJETOS

Projeto 1: OLHAR PARA CONHECER, CRIAR E PRESERVAR
Por Ana Paula Meura, Camila Göttems e Tais Dias.

http://paraprojetos.blogspot.com/2008/12/pojeto-1.html


Projeto 2: IMAGENS FORMANDO IMAGENS: UMA INSPIRAÇÃO ÀS PINTURAS DE ARCIMBOLDO

Por Camila Göttems.

http://paraprojetos.blogspot.com/2008/12/projeto-2.html


Projeto3: O ESPAÇO TRIDIMENSIONAL

Por Camila Göttems

http://paraprojetos.blogspot.com/2008/12/projeto-3.html


Projeto 4: A RECICLAGEM E AS ARTES

Por Bárbara Montelli


http://paraprojetos.blogspot.com/2008/12/projeto-4.html



Projeto 5: DESCOBRINDO AS CORES COM TARSILA

Por Ana Paula Meura

http://paraprojetos.blogspot.com/2008/12/projeto-5.html



Projeto 6: 1920 HOJE...
Por Ana Paula Meura

http://paraprojetos.blogspot.com/2008/12/projeto-6.html

Projeto 7: AS POSSIBILIDADES DO DESENHO ATRAVÉS DA LINHA
Por Vivian Andretta

http://paraprojetos.blogspot.com/2008/12/projeto-7.html

Projeto 8: A LINHA NA NATUREZA
Por Vivian Andretta

http://paraprojetos.blogspot.com/2008/12/projeto-8.html


quinta-feira, 4 de setembro de 2008


SOBRE O TEXTO ¨O Sensível Olhar-Pensante¨DE MIRIAN CELESTE MARTINS



¨Pensar, pensando. Olhar, olhando.¨


O educador tem o poder de ensinar o olhar através de questionamentos , fazendo relações entre obra e contexto histórico, cultural e social. Instigando a curiosidade, faz com que o aluno vá além da descrição e que perceba as diferenças que vê, através da compreenção do espaço e do tempo e da comparação com o mundo atual, até mesmo com o seu próprio cotidiano. Assim, o aluno deixa de ver apenas a obra e passa a olhar.

O educador procura mostrar formas de olhar; educador é mediador, faz com que o aluno perda o medo de sua própria expressão, ¨é um provocador de desafios¨.

Entre o ver e o olhar, ver é algo superficial, é enxergar apenas o que está na frente, o objeto de uma forma geral, é observar de forma passiva, impessoal, sem questionar-se , sem observar minuciosamente , é um ato cômodo de apenas detectar rapidamente aquilo que se vê sem estabelecer qualquer relação pessoal. É um ato onde a fruição entre espectador / obra , não acontece efetivamente.

Sendo assim, como a arte sempre esteve presente em nossas vidas , é através dela que o nosso olhar é desafiado a olhar realmente o que a outra pessoa quer nos passar. O artista se torna um grande provocador dos nossos olhos. É através da visão do artista que somos incentivados a olhar e não mais a ver. A arte é o registro do olhar sensível tanto do artista quanto do espectador. A obra é o espelho do modo como o artista vê o mundo e a interpretação desta obra, feita pelo espectador, é o espelho do modo como ele se relaciona com o mundo e com a obra em si.

Saber ¨olhar o olhar do outro¨, tentar entender os seus motivos, suas vivências, suas expressões incluídas na obra. É ver o que está por trás da imagem . Isso, requer um olhar sensível, sendo que, só posso ver na obra do outro, o que encontro em mim. É percorrer o caminho do real até a representação. Refere-se a qualquer expressão artística de uma pessoa, nos mais diversos segmentos da arte. Portanto, olhar o olhar do outro, é fazer uma leitura, uma interpretação dessa obra.

Para compreender o que o outro quer dizer, deve haver disponibilidade de ambos para que esse encontro se transforme numa fruição . Ou seja, o espectador deve estar aberto e deve se esforçar para que o encontro aconteça de fato. Deve ser a partir de uma contemplação, para que assim, a obra passe a fazer parte do espectador. Não imporatando o feio ou o bonito, se gosto ou não, e sim, a obra por ela mesma.

Enfim, ler uma obra de arte, é possível? Sim, permitindo-se a inserção da obra na sua vida, na sua realidade. Procurando interpretá-la e avalia-lá.